sexta-feira, 27 de maio de 2011

Resenha crítica do documentário “Abaixando a Máquina – Ética e dor no fotojornalismo carioca”

http://rozalianatalia.blogspot.com/2011/05/fotografia.html
Por Chaiani Rosso

O documentário “Abaixando a Máquina – Ética e dor no fotojornalismo carioca” produzido pelo fotógrafo Guilhermo Planel e pelo jornalista Renato de Paula, tem como cenário o Rio de Janeiro, mostrando um pouco da realidade em que os fotojornalistas cariocas vivem. No documentário são mostradas fotografias juntamente com falas e imagens de fotógrafos, fotografados, psicanalistas, professores, policiais e músicos. Esse documentário ensina quando o fotojornalista deverá ou não “abaixar a máquina”.

O fotógrafo procura registrar sempre a realidade, independente se ela for dura e/ou fora de seus princípios. O profissional deve sempre pensar no bem que ele esta fazendo, sendo que a fotografia é o principal meio do jornalista abrir os olhos da população. O papel do fotógrafo é a distribuição de consciência entre a população.

Neste documentário os profissionais em fotografia dão dicas de como agir em certas ocasiões, e afirmam que deve-se fotografar tudo o vemos, tudo o que está acontecendo no ambiente e que lhe desperta algum interesse, para depois descobrir qual rumo seu material levará. Afirmam ainda que alguns deles até hoje não se acostumaram com o dia-a-dia impactante que eles presenciam, mas que com o tempo você fica mais preparado para certas ocasiões.

O fotojornalista já foi muito humilhado/desvalorizado para estar onde ele está hoje. Atualmente eles ainda são agredidos, mas isso acontece por fotografarem momentos de mais tensão, registrando momentos íntimos e tristes de algumas famílias, e nem sempre as mesmas vão aceitar com educação os flashs dos fotógrafos. Esse profissional não pode se meter no que esta acontecendo, deve ser apenas um telespectador, tentando ser o mais discreto possível.

Muitas vezes os jornalistas acabam torcendo por um pouco de ação para que o público tenha algo mais interessante no jornal do outro dia. Mas não é porque ele se arrisca para conseguir materiais bons que poderá abusar, deve-se ter consciência do que se vai publicar, e lembrar sempre que estamos mexendo com sentimentos de outras pessoas.

Ponto positivo deste documentário e que merece ressalva são as várias entrevistas utilizadas e o modo como foram disponibilizadas. Como é um documentário sem voz over, apenas entrevistas “amarradas” entre si, as imagens acabariam sendo cansativas se não ligadas corretamente. Com as inúmeras falas de fotógrafos, professores, etc. além de muitas fotos ilustrando o que eles falavam, “Abaixando a Máquina – Ética e dor no fotojornalismo carioca”, é um documentário com muitas informações distribuídas de forma não cansativa, que prende o espectador e o ensina de forma bastante atrativa.

Ser fotógrafo, é ser testemunha do que esta acontecendo, tendo o poder de transformar uma imagem em um documento social. A cada imagem que os fotógrafos obtêm, há uma história em que os cariocas vivem dia-a-dia. Mesmo tendo um ótimo material em mãos, devemos saber quando devemos “abaixar a máquina”, lembrando que na maioria das vezes estamos lidando com pessoas, não com animais.